Para concretizar esse plano, o grupo planeja construir um linha própria de trem passando pela rodovia dos Bandeirantes —administrada pela CCR— e que liga o aeroporto de Viracopos a São Paulo.
Segundo pessoas que acompanharam as conversas com a CCR, a ideia é captar com essa malha ferroviária o excedente de passageiros de Guarulhos que hoje vão para o aeroporto do Galeão (RJ) como destino final ou para fazer conexões com o Nordeste.
A concessionária aposta nesses projetos porque, segundo o Ministério das Cidades, há diversas obras de mobilidade urbana nas cidades escolhidas pela CCR para investimentos.
Viracopos faz parte de um grupo de aeroportos privatizados pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2011 e que previram o pagamento de cerca de R$ 24 bilhões em outorgas para a União.
O cálculo dos lances iniciais levou em consideração um cenário econômico em expansão com demanda de passageiros e cargas mais que suficiente para bancar as outorgas.
O grupo que arrematou Viracopos ofereceu pagar R$ R$ 3,8 bilhões com umágio de quase 160%. Naquele momento, as projeções indicavam que, já em 2016, quando a fase de investimentos estaria concluÃda, haveria 17,9 milhões de passageiros e um a movimentação de carga de chegaria a 409 mil toneladas.
Logo no inÃcio, a empresa enfrentou dificuldades de caixa e teve multas por atraso nas obras de ampliação. O novo terminal foi inaugurado em 11 de novembro de 2014 sem estivesse totalmente pronto.
Três dias depois o então presidente da UTC, Ricardo Pessoa, foi preso pela PolÃcia Federal. Alvo da operação Lava Jato, Pessoa foi o principal idealizador do projeto de Viracopos junto com a Triunfo.
Em 2016, quando as obras foram concluÃdas e enfrentando severas restrições financeiras, Viracopos transportou 9,3 milhões de passageiros --52% do que tinha sido projetado pelo governo-- e movimentou 166 mil toneladas de cargas --41% do projetado.
Em julho de 2017, a UTC‚ entrou com pedido de recuperação judicial e muitas das responsabilidades financeiras da construtora em Viracopos foram assumidas pela sócia Triunfo --que também foi se deteriorando.
Diante disso, a concessionária de Viracopos pediu para a Agência Nacional de Aviação (Anac) a devolução da concessão para a União. A agência negou e abriu um processo para cassar a concessão. O caso foi parar no STJ (Superior Tribunal de Justiça) que, no inÃcio de maio, negou o pedido.
Com esse cenário, a concessionária de Viracopos entrou com um pedido de recuperação judicial e agora todo o processo está paralisado à espera de um plano financeiro que ateste a viabilidade do aeroporto.
Em outra frente, a Anac tenta, via judicial, minar a recuperação e cassar a concessão que seria leiloada novamente.
Consultadas, IG4, Global Logistic Properties e CCR não quiseram comentar.
FONTE: Jornal Folha de SPaulo